Carnaval 2006
Enredo:
UMA FESTA TUPINAMBÁ AS MARGENS DO RIO SENA

Ficha Técnica
Presidente: Osni Nascimento
Vice-presidente: Carlos Monte
Diretor de Carnaval: José Leonídio
Diretor de Bateria: Nando (Gigante)
Intérpretes: Sandro Sorriso, Diogo Madureira e Gabrielzinho do Irajá
1ª Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Jean e Jéssica
2ª Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Erick e Claudinha
Objetivo
Apresentar sob a forma de história contadas pelos pais aos filhos, na manutenção da tradição oral, que antes da fundação de SãoSebastianopolis (Rio de Janeiro), os índios Tupinambás relacionavam-se política, comercial e culturalmente com os franceses (Mair), sendo de vital importância para ambos, o escambo de produtos nativos, levando-os a uma grande integração cultural, sensibilizando principalmente os comerciantes da Normandia, que resolveram montar “Uma festa Tupinambá às margens do rio Sena”, na cidade de Rouen, convidando um morubixaba e 50 índios do Rio de Janeiro, que ergueram uma aldeia Tapuia, onde de dia eram apresentadas as atividades que desenvolviam habitualmente, e a noite as festas dos brasis, com seus cantos e suas danças. Este evento Tupinambá em terras francesas, foi uma das bases para o sonho do rei Henrique II em criar nas Índias Ocidentais, a França Antártica, o primeiro passo para a integração entre o Brasil e França.
Sinopse
Todas as informações sobre os Brasis, ou seja, os índios da cor da brasa das terras de além mar, descobertas pelos portugueses, sempre foram dadas sob a ótica dos descobridores ou da igreja, que detinha o direito sobre o dizimo (10%) de tudo que aqui fosse encontrado e ou explorado. Que viviam no Rio de janeiro, nas terras que circundavam a baia de Guanabara, que segundo os estudiosos, uma população aproximada de 100.000 Tapuias, distribuídos em cerca de 30 aldeias. Os relatos daquela época denigrem a imagem dos índios Tupinambás, caracterizando-os como um grupo frágil, sem nenhum conhecimento e que viviam de uma forma totalmente primitiva, os homens da selva¨. Não levava em consideração o fato de serem “Tapuias”, ou seja, os mais antigos nestas terras. O único objetivo dos colonizadores era a exploração das novas terras e das suas riquezas, e do homem pelo homem para lhes servir, para que retirasse da natureza tudo o que pudesse ser válido e rentável, derrubando as florestas para o plantio da cana de açúcar, não lhes importando as consequências dos seus atos. Navios com bandeiras diferentes das de Portugal, começaram a frequentar a baia de Guanabara e a se relacionar com seus habitantes, os Tupinambás. Para a viagem de volta destas caravelas ao velho continente, levando principalmente o “pau Brasil”, o “jacarandá”, os adornos usados pelos índios e animais silvestres exóticos na Europa, era necessário suprirem-se de água potável, e aqui se localizavam dois dos mais puros e cristalinos mananciais: o do rio Carioca no delta do mesmo rio, e o do Maracanã, que desembocava no saco de São Diogo (hoje Praça da Bandeira). Além desta, alimentos tais como peixes, mandioca, e outros eram embarcados para a sustentação dos marinheiros durantes o regresso. Ressalte-se também a que o vinho e o rum escasseavam, sendo substituídos pelo cauim produzido pelas mulheres Tupinambás, alcançando uma escala de produção contínua, para suprirem as necessidades cada vez maiores.
De toda esta interação surgiu o interesse por parte dos comerciantes, principalmente da Normandia e da Bretanha, de edificarem aqui uma base de negociações mais sólida e para alcançar este objetivo foi idealizado por eles uma apresentação sócio/ político/ cultural na cidade de Rouen, que ficou conhecida como “Uma festa brasiliense em Rouen” que acabou sensibilizando o rei Henrique II, de acordo com as expectativas dos seus organizadores, O sucesso da apresentação fez com que os Tupinambás se apresentassem em outras cidades Francesas com o mesmo impacto de Rouen. As observações da festa feitas pelo rei, somaram–se as do relato feito pelo cosmógrafo franciscano, André Thevet e do cartógrafo Guilherme lê Testu acerca da “Costa do Pau Brasil”, mostrando que já existia uma aliança dos navegadores franceses, com os índios Tupinambás que habitavam as terras contíguas a baía de Guanabara. A fusão destes acontecimentos resultou no sonho da França Antártica dos comerciantes da Normandia, que foi encampado por Henrique II, financiando a vinda de Nicholas Durand Villegaignon e Gaspar de Coligny com aquele objetivo. Vale ressaltar que os franciscanos franceses, ainda relatam uma outra viagem de Brasis a França, no século XVII. A presença dos Tupinambás em solo Francês, sua forma de vida aproximou-os dos grandes Filósofos Franceses, dentre eles Miguel de Montaigne, que numa oficina de trabalho intelectual com os nossos Brasis, da Guanabara, colheu
subsídios para escrever “Ensaios” que influenciou durante quase quatro séculos grandes filósofos como Grotius, Pufendorf, Locke, Lafitau, Montesquie, Voltaire, Diderot, culminando na teoria da Bondade Natural defendida por Jean-Jacques Rousseau, que absorvendo o jeito de ser dos nossos índios adotaram como lema: LIBERDADE; IGUALDADE; FRATERNIDADE, resultando todo este movimento na Revolução Francesa. Também não se pode deixar de registrar que por influência da cultura francesa a rua do Ouvidor foi por mais de um século, um Boulevard legitimo, com mais de 100 lojas com suas vitrines típicas. Todos estes fatos mostram que vem de longe, quase cinco séculos, a integração sócio / político /cultural do Brasil com a França, e que é reeditada no início deste novo Milênio, em suas múltiplas faces no ano do Brasil na França.
Samba Enredo
“Uma Festa Tupinambá às margens do Rio Sena”
Autores: Márcio Carvalho, Wilson Moraes, Luiza Loroza e Tamires Costa Coelho
Venham, escutem bem esta história
Para que fique na memória
O cenário de um Brasil que não existe mais
Linda, casa de Iara e de Tupã, Baia de Guanabara,
Lugar sagrado da nação Tupinambá.
Mas era o início da colonização
Vinham da Europa as embarcações
Os colonizadores só queriam explorar,
Tirar da natureza o que pudessem aproveitar
E eram tantas as riquezas,
Era tanto encantamento
Pau-brasil, jacarandá, maravilhas tropicais
E a beleza das tupinambás
Franceses,
Pelos nativos chamados de Mair,
Uma nova relação veio a surgir,
De amizade e identificação
Da Normandia veio a ideia de realizar
Na França uma festa Tupinambá
E a cidade de Rouen se deslumbrou
Com o raro espetáculo que presenciou
E eis que às margens do Sena
Uma aldeia Tapuia derrama sua arte
O canto, a dança, sabores e cores,
Cultura por toda a parte
O povo se envolvia e delirava
Diante de uma gente tão guerreira
E fogos todo o céu iluminavam
Luzes de uma festa brasileira
Papagaios repetiam saudações
“Bonne nuit”, “Comment ça vá?”
E nós, os Filhos da Águia, com emoção,
À França vamos homenagear.