Carnaval 2005
Enredo:
Natal 100 Anos

Ficha Técnica
Presidente: Osni Nascimento
Vice-presidente: Carlos Monte
Diretor de Carnaval: José Leonídio
Diretor de Bateria: Nando (Gigante)
Intérpretes: Sandro Sorriso, Diogo Madureira e Gabrielzinho do Irajá
1ª Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Jean e Jéssica
2ª Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Erick e Claudinha
O som do surdo ecoava dentro de mim como se fosse um acalanto, aos poucos fui adormecendo e no meu sonho uma estrela cadente riscou no céu uma estrada azul e branca, do infinito batendo suas asas aproximou-se de mim a grande Águia, símbolo da minha querida Portela. Pousou do meu lado e me olhou com tanto carinho, que entendi que me convidava a voar mais alto, até onde ninguém tinha ido, íamos visitar a morada daquelas luzes que cruzavam os céus como se comemorassem conosco nossas alegrias. Acomodei-me no seu dorso e comecei a voar cada vez mais alto, comecei a ver a terra ficando mais longe e num momento percebi que era azul e envolta em nuvens brancas. Lágrimas brotaram nos meus olhos porque ali eu via as cores que sempre marcaram a minha vida, as cores da Portela. Fechei os olhos e a vi desfilando a minha frente, o povo delirava e relembrei quantos carnavais haviam se passado, como éramos uma família que se orgulhava de suas origens, desde os tempos da “Baianinhas de Osvaldo Cruz”, Paulo da Portela, Rufino, Caetano, Heitor dos Prazeres e também do “Quem fala de nós come mosca” da Dona Ester e suas crianças. Daí nos juntamos e surgiu o “Vai como pode” e em seguida a gloriosa Portela.
Nasci embalado pelo samba, cresci dentro do samba, vendo suas figuras imperiais, seus pajens, suas damas “cada uma mais linda que a outra”. Como eram lindas as histórias das florestas, dos pássaros, dos Deuses, do Saci Pererê, pulando numa perna só e fumando seu cachimbo. Como eram alegres as tardes de domingo, com as crianças se divertindo com os palhaços nos circos. Nossos sonhos transformavam-se em esperanças toda as manhãs, na forma de animais idealizados pelo Barão de Drumond, onde a Águia era a primeira a voar mais alto. Para decifrar esses animais passávamos pela singeleza das borboletas, a ligeireza dos gatos, as travessuras dos macacos e a fartura representada pelo leite das vaquinhas Mococa. A alegria das manhãs ao ver a correria das crianças, com seus uniformes, indo para as escolas com a certeza de um futuro mais justo, orgulhando-se de suas origens, índia, negra, branca, cigana, não importa, todas eram crianças brasileiras, cariocas da gema, de Osvaldo Cruz e Madureira, berço do samba.
Ali estavam os continuadores das nossas tradições, crianças nascidas e criadas na cultura nativa, popular brasileiras por essência, tendo como raiz o samba. Era assim que eu via as crianças, cada passo em direção à escola de samba, era como um gingado, um requebro, preparando o futuro do samba. Nas horas livres as crianças abraçavam o céu, com suas pipas coloridas, bailando ao ritmo do samba que vem da bateria da Portela. Esta é a semente saída da mais profunda raiz das nossas origens. No meio de todo esse bailado, é tarde, é domingo, os fogos espocam no ar, meu coração dispara, é gol no Maracanã, e para minha alegria o Fluminense tornou-se campeão. Quando abri os olhos, a terra era um ponto brilhante no infinito e a Águia pousou onde todas as estrelas cadentes se originam, e dela saltei, estava na constelação de leão e no meio dos versos do samba enredo do último carnaval da minha Portela, me lembrei de Macunaíma cantando:
Vou-me embora, vou-me embora
Eu aqui volto mais não
Vou morar no infinito
E virar constelação
Aqui eu continuo a sonhar com a minha escola engalanada, com as crianças aprendendo a voar alto como os “Filhos da Águia”, e neste mundo estrelado, na constelação de leão eu estou, e toda vez que um Portelense avistar uma estrela cadente, tenha certeza de que sou eu, Natal, que estarei brincando com elas, iluminando lá do céu o caminho da Portela.
O desfile
A noite chegou, o canto das crianças anunciou a chegada da pequena Portela. Um pobre coração pulsava forte, lá na distante arquibancada da Sapucaí.
São belas crianças, pequenas no tamanho, mas gigantes dentro de almas tão nobres.
Eram crianças que desfilavam por Natal e por uma paixão que existe em mim.Meus pequenos, que bela noite vocês me ofereceram, o carnaval dos meus sonhos começou. Parecia retornar no tempo, encontrar Paulo, Natal e Candeia.
A noite chegou, o canto das crianças anunciou a chegada da pequena Portela. Um pobre coração pulsava forte, lá na distante arquibancada da Sapucaí
São belas crianças, pequenas no tamanho, mas gigantes dentro de almas tão nobres.
Eram crianças que desfilavam por Natal e por uma paixão que existe em mim.
Meus pequenos, que bela noite vocês me ofereceram, o carnaval dos meus sonhos começou.
Parecia retornar no tempo, encontrar Paulo, Natal e Candeia.
Percebi que a praça onze ressurgia e o bonde circulou
Avisei a todos que dentro de instantes surgiria à escola da Águia altaneira
Abram alas para a Portela passar, abram alas para o carnaval começar
Que tudo se inicie com as crianças, pois elas são o início de tudo
Que venham os filhos da Portela “os filhos da Águia”
Pois de vocês será esse novo mundo
Saúdo nossa madrinha Marisa, muito mais que um “monte”
Uma verdadeira cordilheira de amor pela Portela
Saúdo nosso padrinho Paulinho da Viola

Um verdadeiro símbolo desta passarela
Segue o encanto ao som da bateria e o canto de um menino
Quem mais poderia cantar no sonho se não o anjo Gabriel
Que bom estar na avenida e poder sonhar
Buscar através dos filhos da Águia, momentos da Portela que não conheci
Foi muito bom estar na passarela e perceber que o samba nasce assim
Olhai por essas crianças senhor, olhai por aqueles que enfrentarão este mundo incerto
Permita que tenham uma vida digna
E que tenham sempre que possível à felicidade por perto
Salve Portela e Filhos da Águia que me permitiram sonhar
Salve a paixão que teima em me acompanhar
Salve também a Deus que permitiu que meu coração pudesse suportar
Plantamos a semente para ver a árvore crescer

Cada um destes pequenos é uma planta que cuidaremos com todo carinho
Daremos caráter, carinho e sabedoria
Para que possam por eles mesmos, ultrapassarem os obstáculos do caminho.